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A Duquesa de Paus - cena deletada 2

Essa cena foi mesmo apagada porque escrevi outra para o seu lugar. Ela ficou boa, mas, depois de algumas edições, precisei reposicionar informações e ela teve que ser substituída.

Acho que vocês vão gostar.



Calliope espalhou os papéis na mesa de reuniões da sala de vidro e os examinou. Eram fichas de empregados, correspondências e bilhetes, todos com escritos com caligrafias diversas.


Estava claro que homem que perseguiam era apenas o guardião daqueles documentos. Se os mantinha para chantagem ou porque fora contratado para isso, ela ainda precisava descobrir.


Ou não. Era irrelevante os motivos pelos quais Joshua Finch tinha aqueles documentos. Tudo que ela queria com eles era descobrir seus segredos.


Seus olhos vagaram para a parede de vidro. O clube estava cheio naquele horário e o movimento a distraiu.

Incomum.


Nada distraía Calliope de seus objetivos.


O relógio sobre a lareira marcava nove horas. Ela olhou outra vez para os documentos e os devolveu para a caixa, em completa desordem. Trancou a porta e subiu até o terceiro andar. Carregando a caixa.


Dois degraus por vez.

Quase nada a deixava nervosa.

Apenas uma pessoa tivera aquela capacidade — e ele estava, naquele momento, debaixo do chuveiro.


Ela nunca usou aquela engenhoca. Preferia um relaxante banho de imersão, ocasião em que podia descansar e pensar sobre os acontecimentos do dia. Não sabia por que Maximus instalara aquela coisa cheia de tubos de metal no banheiro do quarto de paus.


Bem, ela não sabia muita coisa sobre ele.


O quarto estava na penumbra. A lareira estava apagada e apenas uma lamparina repousava acesa sobre a mesa de cabeceira. O barulho da água caindo no banheiro imitava o da chuva.


Calliope adorava banhar-se na chuva.

Pare. Esse não é um convite.


Da mesma forma que dissera não saber o que fora fazer no Fightplace ao descobrir que Maximus estava se exercitando, ela também não sabia por que subira as escadas.


Por que esfregava as mãos na saia.

Tenha atitude.


Determinada, Calliope colocou a caixa no chão e retirou os sapatos. Depois, puxou os fechos do vestido até que se abrissem. Ela estava arruinando uma bela peça de roupa apenas porque não conseguia mais permanecer dentro dela.


Seu peito estava agitado. Por isso ela caminhou devagar até o banheiro.

Abriu a porta.


A água quente exalava vapores que deixavam o cômodo esfumaçado. Maximus estava no cubículo que continha o chuveiro, com duas mãos apoiadas na parede e a cabeça baixa.


Nu, de costas, com todos aqueles músculos e aquela cabeleira escura, aquele homem não parecia seu marido.

Mas, quando ele se virou e a encarou, os olhos de vidro eram inconfundíveis.


— Trouxe os papéis.


Maximus fechou o fluxo de água.


— Luke expulsou você da sala?


Gotas escorriam por seu corpo inteiro. Cicatrizes e marcas não eram capazes de desvanecer a beleza daquela obra prima da natureza.


— Eu o mandei para casa. Nós cuidaremos do clube, pela noite.


Ele pegou uma toalha para enxugar os cabelos.


— Por que não me esperou descer?

— Eu disse — ela mudou de assunto — que aquilo não mudaria nada entre nós.

— Aquilo. — Ele balançou a cabeça e colocou a toalha por entre as pernas. O tecido resvalava em seus genitais enquanto os enxugavam. Ela estava vidrada. — Eu entendi da primeira vez. Nada mudou.

— Eu estava errada. — Calliope deu um passo adiante. — Muda tudo, não é mesmo?


Ele sorriu e enrolou a toalha na cintura.

Maldição.


— Espero que você esteja falando sobre o sexo, chérie.

— Sim, é sobre isso.

— Então você estava certa. Não muda nada. Eu continuo aqui com os mesmos objetivos de antes.

— Destruir Hades.

— Conquistar você.

— Não posso acreditar no que diz. — Ela desviou o olhar. Maximus se aproximou. Ele cheirava a sabão e água morna. As vibrações de seu corpo a atingiam como se fossem concretas.

— Eu sei. Mas não desistirei de você, Callie.


Ela se virou de repente. Estava a menos de um braço de distância dele, perto o suficiente para que as gotículas que pingavam de seu cabelo respingassem nela.


— Por que agora? Por que não durante os maldito oito anos em que fomos casados?


Maximus deu um passo para trás.


— Porque eu não podia. Nunca fui digno. Eu não imaginava que você, uma mulher tão bela e inteligente, fosse se apaixonar por mim.

— Você tem uma ideia muito incorreta sobre sua capacidade de sedução, Max.


Ele deu uma risada.


— Eu esperava que, assim que destruísse Hades, eu poderia deixar tudo para trás. Teria matado os monstros, mas eu temia me tornar um pior ainda do que eles.

— Como?

— Você não vê? — Ele se afastou mais. Os vapores já tinham se transformado em líquido e o banheiro estava muito úmido. — Sou filho do meu pai. Carrego seu sangue maldito nas veias. Você teria coragem de me deixar sozinho com Richard se soubesse quem Eustace Cadden era?


A realidade despencou sobre Calliope como um machado sem cabo atirado na lagoa. Os traumas de seu marido não eram apenas dele. Maximus temia ser uma reprodução dos seus piores pesadelos.


Calliope nunca pensou que poderia ser igual Damiano. Ela apenas não era. Sabia, com cada fibra de seu ser, que não herdara a loucura de seu pai e aquela possibilidade nunca passou por sua cabeça.


Já ele…

Céus, ele temia machucar o próprio filho.


— Max, se você fosse uma ameaça a Richard, eu o mataria com minhas próprias mãos. Agora me diga: você compartilha das preferências de seu pai?


Ele franziu a testa. O corpo molhado começava a esfriar e seus mamilos enrijeceram. Calliope resistiu à tentação de estender a mão e tocá-los.


Não era o momento.

Ainda.


— Claro que não! — A rejeição foi veemente.

— E por isso você jamais seria como ele.


Calliope levou as mãos até os botões da chemise que a cobria e abriu um a um. Maximus observou quando o tecido escorregou por seus ombros e formou uma pilha aos seus pés.


— Como você pode saber? — Ele estava paralisado no lugar.

— Porque eu sei. — Assim como sua mãe sabia que ela não era igual ao pai. Calliope se aproximou, abrindo os laços da calçola. — Confio e você porque o que temos é… único.


Maximus fechou os olhos. Levantou uma mão e a tocou na clavícula. Deslizou os dedos até acariciá-la nos seios. Usou a outra mão para terminar de despi-la e, quando voltou a encará-la, estava ardendo em chamas.


— Eu nunca consegui resistir a você.

— Nem eu a você. — Ela o puxou pela toalha, fazendo os corpos colidirem. — Nós temos algo especial, Max. Mas eu ainda não o aceito de volta.


Ele a segurou com os dedos embrenhados em seus cabelos.


— Nem eu sou digno de você. Ainda.


Calliope ficou na ponta dos pés e passou a língua pelo pescoço úmido dele.



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Tatiana Mareto @ 2020 - Todos os direitos reservados.

 

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